um pé no chão. um pisar firme, apropriado, mas que se desespera quando sobe um pouco mais que o de costume. logo quer descer de novo. pela segurança. sabe que do chão não passa, a não ser quando pisa em falso. ou também quando tropeça. às vezes pisa em algo que faz barulho, mas nunca faz barulho sozinho. é silencioso por natureza. pisa e logo se acostuma com o toque da superfície, como se não se pudesse pisar onde se quer. delimitar, pisar, avançar, invadir, recuar. pensar. uma vez tropecei na possibilidade e não me ralei. não tinha no que me ralar, o chão era todo feito de surpresa. sei que machucou, mas não sei quanto ou por quanto tempo, não fez barulho. arrastou uma palavra na outra e só fez silêncio. ecoa até agora, como se o tropeço se repetisse a cada vez que eu lembro de pisar direito. evitei pisar no medo e acabei tropeçando na preocupação. às vezes o pisar só precisa ser sem pensamento, em silêncio mesmo. o pisar só se torna leve quando a gente pisa no chão firme e para de pisar no cuidado.
